Caro Leitor,
Como Planejador Financeiro é comum ser questionado por meus clientes sobre onde é melhor investir ou qual o melhor investimento na atualidade. A questão é, nem sempre o melhor investimento da atualidade será o melhor investimento para você. Tudo depende do alinhamento entre os seus objetivos pessoais, as possibilidades de cada produto financeiro e o seu Perfil de Investidor. Afinal, como interpretar estas informações e decidir sobre, e em qual Fundo de Investimentos devo aplicar meus recursos?
A primeira etapa de um Planejamento Financeiro bem-sucedido é definir qual é o seu Perfil de investidor. Pode variar entre Conservador, Moderado ou Agressivo. Através de uma boa entrevista ou respostas de um questionário simples é possível determina-lo. Com esta resposta em mãos a próxima etapa é definir qual é o seu objetivo final (o que se pretende fazer com os recursos que serão acumulados no Fundo de Investimentos) e o horizonte de prazo que teremos até que este objetivo seja atendido. A partir destas informações é possível determinar qual será o Investimento mais adequado para o seu caso.
Fundos de Investimentos possuem diversas classificações, prazos, taxas, níveis de risco e formas de recolhimento de impostos. O ideal é sempre buscar o auxílio de um especialista antes de iniciar o Investimento. Pois até mesmo um Fundo de Investimentos, considerado mais arriscado, pode ser o mais indicado para um investidor de perfil Conservador, em um longo horizonte de prazo como em um plano de independência financeira ou renda extra para aposentadoria. E o inverso também pode ser verdadeiro quando um investidor de perfil Agressivo pretende fazer uma reserva de emergências, onde se prioriza mais a liquidez que a rentabilidade.
O que é um fundo de investimento?
Um Fundo de Investimentos é um condomínio que reúne recursos de um conjunto de investidores, com o objetivo de obter ganhos financeiros a partir da aquisição de uma carteira de títulos ou valores mobiliários.
Através dos Fundos de Investimentos, o investidor tem acesso a melhores condições de mercado, menores custos e contam com administração profissional, colocando-os em igualdade com os grandes investidores.
Fundos de Investimentos tornam possível a diversificação dos investimentos, através da aplicação em suas diferentes classes, visando diluir o risco e aumentar o potencial de retorno. Funcionam sob a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável por sua regulamentação e fiscalização, buscando a proteção do investidor. Como no caso do condomínio de apartamentos, condôminos (ou investidores) centralizam a administração do prédio (ou carteira do fundo) na figura do síndico (ou gestor do fundo). Em um Fundo de Investimentos, o gestor do fundo aplica os recursos dos investidores (patrimônio do fundo) de forma a maximizar o retorno e minimizar o risco da carteira do fundo.
Os Fundos de Investimentos são divididos em cotas e cada cota corresponde a uma fração de seu patrimônio, que conferem iguais direitos e deveres aos cotistas. Que é diariamente precificada de acordo com a divisão do valor do patrimônio do fundo pelo número de cotas do fundo (nunca o número de cotistas, pois um único cotista pode possuir diversas cotas), apurados sempre no horário de fechamento dos mercados em que o fundo atue.
[Vídeo] Conheça os principais mitos quando se investe através de fundos de investimento?
Quais os tipos de fundos de investimentos?
Fundos de Investimentos podem ser classificados pelo prazo médio da carteira ou quanto a estratégia de gestão de suas carteiras. A seguir iremos descrever a classificação dos fundos quanto ao prazo médio da carteira:
- FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE CURTO PRAZO
Os fundos de curto prazo aplicam seus recursos exclusivamente em títulos indexados a índices de preços, com prazo máximo a decorrer de 375 dias, e prazo médio de carteira do fundo inferior a 60 dias. Possuem títulos públicos, privados pré-fixados, indexados à taxa SELIC ou a outra taxa de juros, sendo permitida a utilização de derivativos somente para proteção da carteira e a realização de operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais.
- FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO
Fundos de Investimentos classificados como Referenciado, Renda Fixa, Cambial, Dívida Externa ou Multimercado poderão ser adicionalmente classificados como Longo Prazo quando o prazo médio da carteira superar 365 dias e seja composta por títulos privados, públicos federais, pré-fixados, indexados à taxa SELIC, a outra taxa de juros, a índice de preços, à variação cambial, ou até mesmo, por operações compromissadas lastreadas nos títulos públicos federais.
Fundos de Investimentos, nestas classificações citadas acima, que dispuserem em seu regulamento ou prospecto, o compromisso de obter o tratamento fiscal destinado a Fundos de Longo Prazo previsto na regulamentação fiscal vigente, estará obrigado a:
⇒ Incluir a expressão “longo Prazo” na denominação do fundo; e
⇒ Atender às condições previstas na referida regulamentação de forma a obter o referido tratamento fiscal.
Fundos de Investimentos que mencionarem ou sugerirem, em seus regulamentos, prospecto ou em qualquer outro material de divulgação, que tentará obter o tratamento fiscal previsto para Fundos de Longo Prazo, mas sem assumir o compromisso de atingir esse objetivo, ou que irá fazê-lo apenas quando considerar conveniente para o fundo, deverá incluir no prospecto e em seu material de divulgação, em destaque, a seguinte advertência: “Não há garantia de que este fundo terá o tratamento tributário para Fundos de Longo Prazo”.
Para efeito tributário e de legislação, os Fundos Longo Prazo, têm que ter prazo médio superior a 365 dias corridos. Já o prazo máximo de maturação dos títulos que podem compor os fundos classificados como Curto Prazo pela CVM é de 375 dias.
Ou seja, um Fundo Curto Prazo (CVM) tem prazo médio de no máximo 60 dias corridos, e não pode ter títulos que vençam em mais de 375 dias corridos, ao passo que um Fundo Longo Prazo deve ter prazo médio da carteira superior a 375 dias corridos e não ter restrição quanto ao prazo máximo dos títulos de sua carteira.
Classificação dos fundos quanto a estratégia de gestão das carteiras:
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FUNDOS PASSIVOS E ÍNDICES DE REFERÊNCIA
Fundos de Investimentos Passivos são fundos que têm suas carteiras atreladas a um benchmark (índice de referência). A carteira desses fundos é muito semelhante com a do índice escolhido.
Os principais índices utilizados como benchmark para os Fundos de Renda Fixa são: CDI, SELIC, IPCA, dentre outros. No varejo o mais comum são os que rendem um percentual do CDI (exemplo: 80% do CDI).
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FUNDOS ATIVOS
As estratégias ativas procuram superar o benchmark no médio e longo prazo, aproveitando-se de ineficiências do mercado em relação a preços de diversos ativos. Procuram gerar o chamado alfa (diferença positiva entre o retorno do fundo versus o retorno do benchmark). Fundos de Investimentos Ativos possuem tendência de se desviar da performance do índice (maior volatilidade).
Classes de Fundos de Investimentos segundo composição da carteira:
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CURTO PRAZO
Investem seus recursos exclusivamente em títulos públicos federais ou privados de baixo risco de credito. Estes títulos podem ser de renda fixa, pós ou prefixados e sua rentabilidade está atrelada à taxa de juro usada nas operações entre os Bancos (conhecida como CDI). Investem em papéis com prazo máximo a decorrer de 375 dias e o prazo médio da carteira deve ser de, no máximo, 60 dias. Por estas características, são considerados fundos mais conservadores, indicados para investidores com objetivo de investimento de curtíssimo prazo, pois suas cotas são menos sensíveis às oscilações das taxas de juro.
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REFERENCIADO
Já identificam em seus nomes o indicador de desempenho que sua carteira tem por objetivo acompanhar. Sua carteira é basicamente composta por títulos públicos federais ou títulos de renda fixa privados classificados com baixo risco de crédito. Além disso, sua carteira deve ser composta em maioria quase absoluta de ativos que acompanhem a variação do seu indicador de desempenho “benchmark”. Podem usar instrumentos derivativos apenas com o objetivo de proteção da carteira “hedge”. Os Fundos de Investimentos Referenciados mais conhecidos são os DI, que buscam acompanhar a variação diária das taxas de juro (SELIC/ CDI) e se beneficiam de um cenário de alta de juros.
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RENDA FIXA
Aplicam seu patrimônio em títulos de renda fixa prefixados (que rendam uma taxa de juro previamente acordada) ou pós-fixados (que acompanham a variação da taxa de juro ou um índice de preço). Além disso, podem usar derivativos com o objetivo de proteção “hedge”. Os Fundos de Investimentos em Renda Fixa beneficiam-se em um cenário de redução das taxas de juros.
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CAMBIAL
Seus ativos concentram-se aplicados em ativos que sejam relacionados diretamente ou indiretamente (via derivativos), a variação de preços de uma moeda estrangeira, ou a sua taxa de juro (o chamado cupom cambial). Os mais conhecidos desta classe são os chamados Fundos Cambiais em Dólar que objetivam seguir as variações das cotações da moeda norte americana. No entanto, nem sempre estes fundos seguem as oscilações exatamente como as variações cambiais, pois neles estão envolvidos os custos de administração, imposto de renda e a variação da taxa de juro.
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DÍVIDA EXTERNA
Mantém em sua carteira títulos brasileiros negociados em mercado internacional. Pode também, manter uma parcela menos expressiva de seu patrimônio em qualquer outro título de crédito negociado no exterior.
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MULTIMERCADO
Possui uma política de investimentos muito mais permissiva e engloba diversos fatores de risco, combinando investimentos nos mercados de câmbio, renda fixa, ações, dentre outros e sem limite de concentração. Podem utilizar ativamente instrumentos de derivativos para alavancagem de suas posições ou para proteção de suas carteiras “hedge”. São fundos com alta flexibilidade de gestão, por isso dependem do talento do gestor na escolha do melhor momento de alocar os recursos, na seleção dos ativos da carteira e no percentual do patrimônio que será investido em cada classe de ativos. Geralmente possuem gestão ativa, não tendo o compromisso de acompanhar nenhum indexador especifico e podem assim assumir mais riscos visando rentabilidade mais alta.
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AÇÕES
Possuem 67%, no mínimo, de seu patrimônio em Ações listadas em Bolsa. Sendo assim, estão sujeitos as oscilações de preços de mercado, dos ativos presentes em sua carteira. Existem fundos passivos (que visam reproduzir um índice de desempenho. Exemplo: IBOV) e fundos ativos, que buscam operar livremente para gerar alfa (ganho) em suas carteiras. São mais recomendados para quem tem objetivos de investimento de longo prazo.
Quais as vantagens de se investir em fundos de investimento?
Fundos de Investimentos possuem uma equipe altamente treinada, formada por gestores e analistas profissionais, que se dedicam em tempo integral para obter a melhor performance. Desta forma o investidor acaba se beneficiando por não precisar ficar o tempo inteiro ligado na gestão do fundo e não necessita também de um alto nível de conhecimento financeiro.
Dentre as demais vantagens, podemos citar também a diversificação, mesmo investidores que possuam poucos recursos financeiros ao investir uma mínima quantia aceita pelo fundo já poderão desfrutar deste benefício. Uma vez que, o investidor compra uma cota do fundo e está cota já corresponde a um percentual ideal do conjunto de ativos presente em sua carteira.
Fundos de Investimentos também permitem acessar classes de ativos que talvez não fosse possível ao investidor alcançar apenas utilizando os recursos próprios. Algumas das aplicações que oferecem as melhores rentabilidades exigem um valor mínimo de entrada bastante elevado, (na ordem de R$ 300.000,00 a R$ 1.000.000,00), porém um Fundo de Investimentos por reunir recursos de diversos cotistas, possuem sob sua gestão, patrimônios que podem variar na casa de centenas de milhões até a mais de bilhões.
Existem também outras vantagens ao compararmos Fundos de Investimentos a investimentos tradicionais. Fundos de Investimentos possuem maior liquidez que um imóvel, e apresentam a possibilidade de vender apenas uma fração do patrimônio. Se possuir um imóvel por exemplo e precisar vender apenas um cômodo para sanar uma emergência essa transação seria inviável porque de modo geral os imoveis são indivisíveis.
Outra vantagem que podemos destacar é que no momento de fazer as declarações para o Imposto de Renda, os Fundos de investimentos já o descontam diretamente na fonte. (Para os Fundos de Renda Fixa no sistema de “come cotas” e para Fundos de Renda Variável, 15% apenas no resgate).
Gostaria de ressaltar também, o que ao meu ver, é uma das maiores vantagens ao se investir em um Fundo de Investimento de forma constante, a possibilidade de obter alto ganho, mesmo em um mercado de queda. Sim, pouco se comenta sobre isso, mas Fundos de Investimentos em Renda Variável são uma das melhores ferramentas para acumulo de capital para o longo prazo. Ao se manter aportes mensais, a um valor fixo, em um Fundo de Investimentos de Renda Variável, é possível obter uma performance ainda melhor do que a apresentada pelo histórico do fundo.
Mágica? Não, como a cotação de fundo é flutuante e o aporte de capital fixo, sempre que o fundo se desvalorizar irá gerar a possibilidade de comprar uma quantidade maior de cotas pelo mesmo volume de capital aplicado.
Com o passar do tempo, ao compararmos dois fundos, um que desde o início apresentou bom desempenho, e outro que mesmo iniciando de forma negativa, se recuperou e fechou o período no mesmo valor que estava inicialmente cotado, ainda pode gerar um retorno superior.
Veja no gráfico abaixo:
Como escolher um fundo de investimentos?
Uma das formas mais utilizadas e seguras para se escolher um Fundo de Investimentos é a avaliação do índice “sharpe”. É o mais conhecido índice de retorno ajustado no mercado brasileiro, que compara a relação entre o risco/retorno, ao informar se o fundo oferece rentabilidade compatível com o risco a que expõe o investidor. Quanto maior o sharpe do fundo, desde que positivo, melhor a sua classificação.
Ainda que de forma desavisada, é comum encontrarmos investidores que analisam Fundos de Investimentos através de sua rentabilidade passada. Tal prática não é recomendável, uma vez que, “RENTABILIDADE PASSADA NÃO É GARANTIA DE RENTABILIDADE FUTURA”.
Se analisado o histórico de um fundo, devemos nos atentar para a regularidade do mesmo, a capacidade do gestor para neutralizar o fundo e o proteger com estratégias que evitem alta exposição ao risco de mercado.
Quais os riscos de investir em fundos de investimentos?
Fundos de Investimentos são investimentos considerados seguros, pelo ponto de vista administrativo, uma vez que, possuem CNPJ separado de suas instituições de origem, (Mesmo que a instituição que administre o fundo quebre, o capital presente no Fundo de Investimento não poderá ser utilizado para saldar as dívidas), não é possível fazer transferências de recursos dos cotistas para o administrador do fundo e desta forma os ativos que compõem a carteira do fundo pertencem aos cotistas, registrados em nome do fundo. Além disso, são regulamentados e fiscalizados pela ANBIMA e CVM.
Obviamente existe um risco de mercado, mas estes seriam os mesmos que o investidor iria correr aplicando nos mesmos ativos por outros meios.
Uma forma de garantir uma segurança extra é aplicando em Fundos de Investimentos que possuam Administrador, Custodiante, Auditor e Gestores de diferentes instituições. Como no exemplo abaixo:
Procure dar preferência, na hora de investir, em fundos que não sejam ao mesmo tempo Gestor, Custodiante, Administrador e Auditor. Pois assim poderá dar mais credibilidade ao trabalho de auditoria realizado no fundo.
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Conclusão
Como já mencionado anteriormente, existem diversas vantagens ao se investir em um Fundo de Investimentos, porém, isso tudo tem seu custo. No caso dos fundos, é cobrada uma taxa de administração, ela pode variar muito de valor de uma instituição para outra. É importante ficarmos atentos pois existem Fundos Passivos de Investimentos em Renda fixa no mercado com taxa de administração de 4% a.a. e concorrentes com as mesmas características que cobram apenas 0,5% a.m.
Também é preciso tomar muito cuidado ao compararmos Fundos de Investimentos, pois é necessário nos atentarmos para que comparemos os Fundos da mesma classe. Seria um erro gravíssimo de analise comparar rentabilidade, taxa de administração e liquidez entre Fundos de Renda Fixa e Renda Variável.
Tomando os devidos cuidados e buscando uma boa orientação profissional, certamente você poderá ser muito beneficiado por investir em Fundos de Investimento.